Produção palestina, 2005, de Hany Abu-Assad, com Kais Nashef e Ali Suliman (respectivamente: Said e Khaled)
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Kais Nashef |
CENA FINAL/CLÍMAX
Dentro de um ônibus lotado, tanto por civis quanto por militares fardados, está Said, sentado ao fundo, com um olhar fixo no em direção ao nada. A câmera vai com um zoom in em direção a ele, tomando-o em: um plano médio, depois um close-up, logo um close-up extremo e por fim pára num plano detalhe que enquadra apenas os olhos e as sobrancelhas de Said. Os olhos verdes de Said estão tão cheios de sentimento que nada nos dizem por linguagem que possa ser transcrita. Aqueles olhos penetram tão fundo o espectador que incomodam, não há como estar indiferente; eles suscitam reflexões sobre a condição (des) humana daquela população, que prefere a morte a viver como prisioneiros de um regime tirano, sangrento e opressor.
O olhar de Said dá voltas no cérebro de quem o observa; são olhos inquietos dentro de uma enorme quietude-apática, são olhos de quem acha que sua vida não resolverá questão nenhuma, mas que sua morte trará, ao menos, repercussão para sua causa. Olhos inertes que gritam!
“Só escolhemos a amargura quando a alternativa é ainda mais amarga.” – trecho de diálogo retirado do filme
PARTICULARIDADES EM FOCO
Said é um espelho de vários jovens que habitam a região, e seu silêncio esmagador, sua falta de vontade de ser ouvido e de formular soluções para a situação em que se encontra seu país, é transmitida através da sua não-voz. Said se expressa por gestos e expressões, e no fim através de explosivos.
“- O que acontece depois? - Dois anjos virão buscá-los” – pergunta de Said à Jamal no caminho para a fronteira.
Figurino como Alterador da Ordem Natural – O figurino é simples e natural durante o quase todo o filme. Achei interessante pontuar que ao prepararem-se para o grande plano de ataque, os jovens passam por transformações de ordem externas também. O terno, a falta de barba e os cabelos quase raspados, denotam tais mudanças. Em vários momentos do filme podemos perceber a influência do figurino no comportamento/reação dos personagens que interagem com os jovens e que não sabem quem são eles, ou o que estão fazendo.
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Ali Suliman |
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