Para ele as linhas retas eram o inferno! Não concordava com a maneira arquitetônica massificada das construções. Defendia que a integração com a natureza era fundamental, tendo, então, feito suas Hundertwassehaus com linhas sinuosas, telhados com grama e grandes plantas que partiam do interior dos cômodos e projetavam seus ramos pelas janelas. Sugeriu a obrigatoriedade do plantio de árvores em meio urbano. Tudo isso eram formas de demonstrar que a modernidade das cidades poderia (e deveria) ter a natureza incorporada em cada pedacinho seu. Ele procurou ao longo de sua obra re-integrar o homem à natureza, se utilizou das cores fortes, diversas e vibrantes, brincou com as formas orgânicas que as construções podiam tomar, e como de costume, nada de linhas retas ou desenhos herméticos.
O nome dado a todo esse conjunto de sua obra é transautomatismo, que vem a ser um tipo de surrealismo criado por Hundertwasser. Esse estilo aceita a fantasia como o motor propulsor de toda criação e entendimento da obra. Partindo do princípio de que cada ser humano tem o seu modo de interpretar as coisas, cada um vai obter um significado diferente, mediante a observação da obra e a absorção das sensações causadas pela mesma. Ele acreditava que nós nos afastamos da geometria natural, para sermos postos a viver em verdadeiras caixas.
Hundertwasser ficou bastante conhecido também por seu estilo próprio de vida, que iria desde performances onde aparecia nu, aos inúmeros manifestos contra a monótona arquitetura urbana, que em sua opinião, com toda a sobriedade cinza terminava deprimindo as pessoas que ali vivem. Sua arte viva e cheia de cores procurava também mostrar a individualidade de cada ser. Sempre foi muito individualista, e sempre gostou muito disso, era uma maneira que encontrava para produzir de forma mais pura a sua arte.
Friedrich Hundertwasser, ou como ele se autonomeou, Friedensreich Regentag Dunkelbunt Hundertwasser, morreu no dia 19 de Fevereiro de 2000, deixando um extenso e valioso legado artístico e ideológico.