quinta-feira, 14 de junho de 2012

sentimentos esmagados



preciso de um chá, um chá de inspiração...
preciso de uma noite de sono, de uma noite de sonho.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Anna


        Anna sabia cuidar das pessoas, dar atenção, era até dedicada, se assim podemos dizer. Se virava bem sozinha, era aquele tipo forte, mas que tinha lá suas horas de querer ser cuidada. Anna estava sem paciência, ela só queria: colo, amor e sossego. Mas parecia que era pedir muito!
       Um dia andando, sozinha, como de hábito, ela se deparou com uma enorme árvore de natal, exposta numa loja de departamentos. Era mais um daqueles dias daquela semana em que ela estava com a cabeça oca e com o coração meio pesado. Mas a imagem da árvore, da primeira do ano que ela via, sempre lhe enchia o coração de sentimentos bons.
       O fim do ano tava perto, era o sinal de contagem regressiva iniciada. Agora era só esperar as festas de fim de ano, o alívio da rotina, a chegada dos parentes de outros estados... Todo esse sentimento lhe bateu repentinamente e preencheu sua mente, mas não foi o suficiente para tirar parte do peso de seu coração. Ela decidiu então ocupar o tempo, pois isso era a solução que lhe restava para tentar alegrar aquele dia cinzento.
       Ela entrou na primeira loja de departamentos que encontrou. Tudo ali era verde e vermelho; enfeites, bolas, brinquedos, bichinhos... Anna perambulou um pouco pelos corredores atulhados de coisinhas de Natal e depois de um tempo pegou uma caixinha de luzes pisca-pisca, um tubo cheio de bolinhas vermelhas, e alguns bonecos de neve miúdos. Seguiu para o caixa, enfrentou aquela fila gigantesca típica de lojas de departamento no fim do ano e foi para casa.
       Ao chegar a casa estava um vuco-vuco só! Como todas as casa de família grande ficam no fim do ano. Ela passou por todos, meio aguada, mas fazendo esforço pra dar um "Oi" decente pros que estavam tão animados. Foi para o seu quarto e botou as sacolas em cima de sua mesinha. Pegou uma caixa de sapatos, sua caixa de tintas, e junto com os enfeites recém comprados montou um cantinho natalino. Com os bonecos de neve, as bolinhas vermelhas e as luzes para dar leveza, ela descansou o coração do peso que sentia naquele dia cinza.
       A noite chegou, e as luzinhas acesas em seu quarto, enfeitando sua caixinha de bonecos de neve, levaram para longe o sentimento ruim que havia se aninhado em seu peito. Anna dormiu e sonhou com coisas boas, coisas que a levaram para outro lugar...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ano vai...

    Em pequena retrospectiva o ano teve muitas coisas boas, e uma porrada (literalmente) de coisas ruins. No fim das contas a gente aprende, com tudo!
    2011 foi bem longo e finalmente está acabando. Foi um ano de muitas coisas novas na vida, mudanças, escolhas, rumos (ou não-rumos, talvez melhor dizendo).


Clube da Esquina

    Esse último post, que não ia nem acontecer, e vem em versão mini, está aqui só pra dizer que eu tô bem, sobrevivi ao ano! Se o apocalipse era em 2012 o meu veio antecipado, mas tá tudo certo! Continuo com meus amigos lindos sempre do meu lado, com o meu mais fiel escudeiro Timtim - o bichon frisé mais fofo de todos, uma família doidinha mas que no fundo tem um coração de ouro, e um amor que me faz aprender coisas novas todos os dias através das nossas diferenças.
   
   

    No fim das contas tudo se acerta, e nada é por acaso. Feliz Ano Novo pra vocês, e muitas, muitas muitas alegrias na virada e no ano que está pra chegar!

sábado, 24 de dezembro de 2011

O Natal de Kunst

    O dia de hoje começou bom desde ontem.
    Sempre gostei do Natal, de ver a família grande reunida, mesmo que sem todo aquele "amor natural" que a gente vê nas fotos bonitas, eu continuo gostando do Natal e desses encontros. Sem falar na grande fofoca que acontece no outro dia, sobre como foi a festa!
    Pra mim o Natal é mais um estado de espírito, que gera boas energias do que qualquer outra coisa.
    O Natal também me faz ter chance de cozinhar muito junto com as outras pessoas da minha casa. Adoro cozinhar, e quando há uma pequena farra na cozinha a coisa é mais divertida ainda!
    Por fim, e não menos importante, vem a roupa nova planejada para esse dia, a maquiagem, o bom banho depois de passar a tarde fazendo salada de bacalhau ou fritando bolinhos de bacalhau (também).
    Todos prontos? Vamos aos presentes e aos abraços. Mas logo, porque rapidinho tudo (pessoas, comidas e animação) têm que seguir para a casa da tia, onde mora a matriarca (101 Natais não é pouco e nem para qualquer um)!
    Bem, e depois de tudo isso (resumidinho) sobre o meu Natal e do que penso sobre ele, só me resta desejar uma boa noite do 24 e um bom almoço do 25 para todos vocês que estão lendo, para todos os meus amigos queridos e para todos os meus amores (que também são amigos, é claro!)
    Um Abraço, com o espírito leve,


O. Kunst!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

balanço desabafado


Malévola e sua floresta de espinhos

    acho as pessoas incríveis. e acho que eu devo ser mais incrível ainda por acreditar nelas. acho um monte de coisas, e digo poucas. antes nãe era assim, mudei com o tempo. me pergunto se só pensar resolve. termino achando que não. mas falar não muda quase nada também. resultado: a solução é fazer. aprender e fazer as coisas direito; sem contar com as costas de ninguém para que a sua vida siga.
    tem horas que é chato, horrível, complicado, punk (...)?! sim. mas foi assim que eu aprendi. o que você quer na vida, você que faça. tem horas que eu me sinto correndo três maratonas dentro do meu próprio cérebro na busca das soluções para a vida. termino pensando em vários assuntos; tem horas que eu até demoro com a solução por me distrair com alguma outra gaveta-mental. mas no fim as coisas estão todas ali. cada uma no seu cantinho esperando para serem usadas em conjunto.
    o ano está no fim, enfim! logo as coisas vão cair novamente na minha cabeça. e outra vez, só eu poderei tirá-las dos ombros. (ainda bem!!).


Aurora
    nesse fim de ano refleti muito sobre algo que eu escuto do meu pai. ele sempre fala do nosso coração. falo no singular porque tanto o meu quanto o dele são quase o mesmo. acho que o velho tem razão. somos amáveis, mas não bobos pai. as vezes não gosto de me ver assim, mas é isso, e provavelmente sempre será. a única dica aos outros possíveis corações, deste tipo, que estiverem lendo isto aqui é: cuidado com a redoma que criarão para proteger esse lugar bonito, que mesmo meio mal-tratado, será sempre bonito. cuidado com os espinhos que você deixará que se formem ao redor dele.




bom fim de 2011 para todos!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Théorie pour la mort d'une génisse

       Tava aqui na maior bobeira, tipo olhando através da tela do computador... Sabe quando você tá pensando em tudo e nada ao mesmo tempo?
       Tem gente na sala, tem falatório, tudo isso entra e sai da minha percepção mas não dou bola, afinal estou muito imersa em alguma coisa, que, sabe deus lá o que é, quando escuto a voz da minha avó, vindo lá da sala... E ela diz a seguinte frase pra alguém que participa de sua conversa: "Tá pensando na morte da bezerra é?"
       Sim vó, exatamente isso, ando nos últimos dias tão cheia de pensamentos que eu acho que todos eles estão convergindo na tal Morte da Bezerra, viu!
       Enfim, depois dessa frase, que não foi pra mim, mas caiu como uma luva, volto aos trabalhos e tento deixar as divagações mentais de lado...
      









juízo, cadê?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

PARADISE NOW!


Produção palestina, 2005, de Hany Abu-Assad, com Kais Nashef e Ali Suliman (respectivamente: Said e Khaled)


Kais Nashef

CENA FINAL/CLÍMAX 

   Dentro de um ônibus lotado, tanto por civis quanto por militares fardados, está Said, sentado ao fundo, com um olhar fixo no em direção ao nada. A câmera vai com um zoom in em direção a ele, tomando-o em: um plano médio, depois um close-up, logo um close-up extremo e por fim pára num plano detalhe que enquadra apenas os olhos e as sobrancelhas de Said. Os olhos verdes de Said estão tão cheios de sentimento que nada nos dizem por linguagem que possa ser transcrita. Aqueles olhos penetram tão fundo o espectador que incomodam, não há como estar indiferente; eles suscitam reflexões sobre a condição (des) humana daquela população, que prefere a morte a viver como prisioneiros de um regime tirano, sangrento e opressor.
   O olhar de Said dá voltas no cérebro de quem o observa; são olhos inquietos dentro de uma enorme quietude-apática, são olhos de quem acha que sua vida não resolverá questão nenhuma, mas que sua morte trará, ao menos, repercussão para sua causa. Olhos inertes que gritam!

Só escolhemos a amargura quando a alternativa é ainda mais amarga. – trecho de diálogo retirado do filme


 PARTICULARIDADES EM FOCO 

   Ausência de Música Não-Diegética e o Silêncio do Personagem Principal – Durante todo o filme prestei especial atenção ao som, por ter uma característica peculiar e marcante. Ruídos diegéticos e falas se fizeram constantemente presentes, mas já músicas não-diegéticas não aparecem em momento nenhum, durante os 88 minutos. Logo no início da película consigo ouvir, muito misturado a barulhos ambientes, o som de um rádio, na oficina mecânica, que toca algo ruidoso. O segundo “momento musical” se dá quando o próprio Said põe uma fitinha de Suha para tocar enquanto conversa com Khaled no alto de um morro. A música pode ter vários significados, dependendo de seu ritmo e do contexto em que é inserida, mas nesse caso vejo uma opção do diretor junto ao sound designer de optar pelo extremamente real. A ausência dessa solução narrativa, que, muitas vezes, guia a percepção dos espectadores, significa que nada distrairá o público e que este deve sozinho, perceber o filme, de maneira natural. A música poderia tirá-los da interação com aquela realidade constantemente tensa e divergente de grande parte dos espectadores. 
 Said é um espelho de vários jovens que habitam a região, e seu silêncio esmagador, sua falta de vontade de ser ouvido e de formular soluções para a situação em que se encontra seu país, é transmitida através da sua não-voz. Said se expressa por gestos e expressões, e no fim através de explosivos.
“- O que acontece depois? - Dois anjos virão buscá-los– pergunta de Said à Jamal no caminho para a fronteira.

   Figurino como Alterador da Ordem Natural – O figurino é simples e natural durante o quase todo o filme. Achei interessante pontuar que ao prepararem-se para o grande plano de ataque, os jovens passam por transformações de ordem externas também. O terno, a falta de barba e os cabelos quase raspados, denotam tais mudanças. Em vários momentos do filme podemos perceber a influência do figurino no comportamento/reação dos personagens que interagem com os jovens e que não sabem quem são eles, ou o que estão fazendo.

Ali Suliman
   A exemplo disso, ao ver Said de terno, barbeado e sem os cabelos cacheados, seu chefe o pergunta “Problemas? Porque o terno?”, o motorista de taxi tece comentários a respeito da formalidade da vestimenta do rapaz e a mãe de Khaled pergunta se Said iria se casar. O ponto de maior significação, no entanto, do figurino se dá quando Suha percebe que os dois não podem estar vestidos da mesma maneira (maneira essa que os tornava parecidos com os israelenses) à toa.