segunda-feira, 2 de maio de 2011

Cine PE - O olhar de uma estudante de Cinema - Dia 2

       No segundo dia do Festival, um domingo molhado, o público já se mostrava reduzido e as atividades mais diretas, sem tantos rodeios. Para dar início assistimos aos curtas:


Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo (RS), Digital, Animação, Direção: Rodrigo John, 7 min. - Esta animação mostra o inferno que uma grande cidade contemporânea pode ser, e como nós cada vez nos preocupamos menos em sair desta situação; fechando os olhos, tapando os ouvidos, ficando quietos...


Tempo de Criança (RJ), Digital, Ficção, Direção: Wagner Novais, 12 min. - Apesar de ser um curta ficcional, e mostrar um universo do qual não me sinto de fato parte, tenho certeza que o que o diretor nos faz ver é realidade para muitas crianças e mães. As mães têm que sair para trabalhar e as crianças mais velhas são forçadas a crescer e, mesmo que por apenas algumas horas, tornam-se "mães", adultas...


Braxília (DF), 35 mm, Documentário, Direção: Danyella Proença, 17 min. - Minha relação com a Cidade Brasília é antiga, afinal desde os 8 anos de idade eu passo férias por lá. Devo confessar, que quando mais nova não aguentava a linearidade brasiliense, 'cadê os puxadinhos, ruelas e becos da minha Recife?', era tudo o que eu me perguntava ao chegar na SQN 116. Mas da última vez que estive em Brasília, acho que finalmente descobri sua poesia; sua dinâmica se envolveu na minha e passei a vê-la de uma maneira diferente das recordações infantis que guardava. Este curta transmite tudo o que eu senti quando o 'click' estalou na minha cabeça, e eu finalmente entendi aquela cidade, que ao longe parecia tão hostil e arisca. Lindo curta, sensível, e verdadeiro!


Cachoeira (AM), 35 mm, Ficção, Direção: Sérgio José Andrade, 13 min. - Bem este foi o curta mais difícil da noite por assim dizer. Na ficção de Sérgio Andrade, está retratado um ritual indígena realizado no alto Rio Negro, no Amazonas onde são feitas misturas alcoólicas (beberagens) e toma-se porres delas. O que acontece é que este é o caminho, irreversível e sem volta, de um ritual místico e mortal. Os jovens são encontrados depois mortos ao longo do curso do rio. O objetivo do diretor era mostrar esta história, que contém fatos reais, sem os estereótipos clássicos que vemos sendo retratados em filmes sobre indígenas.


Café Aurora (PE), 35 mm, Ficção, Direção: Pablo Polo, 19 min. - Um filme para sentir, literalmente. Este é o encontro de um jovem surdo-mudo com uma moça cega, que adorava o café que ele fazia. As locações escolhidas (Poço da Panela e Fundaj), não podiam ser melhores, e eu me senti de fato em casa!


       Depois dos curtas, quebrando o protocolo pré-estabecido que seria a feitura de uma pausa, aconteceu a Homenagem Artística à jovem e muito simpática atriz Camila Pitanga, por sua valiosa contribuição ao Cinema Nacional. A atriz recebeu a Calunga de Ouro, das mãos do próprio pai, e também ator, Antonio Pitanga. Com um belo discurso sobre filhos, carreira e orgulho, ele arrancou muitos aplausos da platéia e lágrimas dos meus olhos. Ela por sua vez, agradeceu muito o prêmio, mas frisou que ainda tem um longo caminho pela frente encerrando a homenagem.
       Depois da rápida pausa, voltamos com a Mostra competitiva dos Longas-Metragens:


Família Vende Tudo (SP), 35 mm, Ficção, Direção: Allain Fresnot, 90 min. (Lima Duarte, Vera Holtz, Caco Ciocler, Marisa Orth, Ailton Graça, Marissol Ribeiro) - Com um elenco de fazer inveja a qualquer um, o filme traz enorme caricatura da vida de pessoas que estão à margem da sociedade. A história se passa entre favelas, feiras de muambas, e shows de sertanejo/brega. O ponto de virada do filme se dá quando uma família que está em difícil situação financeira, decide que sua filha deve engravidar de um cantor famoso. O que chamou minha atenção no filme foi a metamorfose dos atores, que vestiram a camisa e se transformaram em personagens fantásticos!

Um comentário:

por Láisa Rebelo disse...

Me senti novamente no Cine Pe :)
Se tu marejou os olhos, pensei em Messias, teria chorado sem fim, hihihi.